Por que meu filho não vai crescer com um pai viciado em Redes Sociais
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Essas ferramentas sociais nos incentivam a prolongar o uso, seja interagindo, discutindo ou assistindo a vídeos engraçados. O tédio, que antes nos movia a buscar atividades mais produtivas, foi substituído por esse apêndice chamado celular. No primeiro sinal de monotonia, preenchemos o vazio com vídeos rápidos, danças no TikTok ou receitas que, ao menos no meu caso, nunca preparo.
O impacto disso é claro, especialmente entre os jovens, que frequentemente falam sobre sua procrastinação quase crônica. Reconhecem o problema, mas dão poucos passos para mudar. Muitas vezes, expor isso nas redes parece mais um desabafo que perpetua o ciclo de reclamar e repetir. Não nego que também me vejo nesse reflexo, embora já não seja jovem.
O Ciclo da Procrastinação
Quantas vezes entrei no Twitter e fiquei rolando a tela, buscando algo interessante para dissertar em 280 caracteres? Pensando nisso agora, percebo que o motivo era sempre o mesmo: tédio. Poderia ter feito algo mais produtivo, como caminhar ou brincar com meu filho, mas me deitei no sofá com o celular nas mãos, pulando de uma rede social para outra ou de um vídeo para o próximo no YouTube.
Essa rotina se tornou tão frequente que comecei a perceber que não era só comigo. Pessoas ao meu redor replicavam o comportamento, algumas até mais intensamente. Quando me perguntei o que ganhava com essas horas investidas em redes sociais, veio a sensação de inutilidade. Apesar de cumprir minhas responsabilidades no trabalho, meu tempo livre era preenchido com “nada útil”.
Isso chegou a impactar meu relacionamento. Embora eu mesmo gastasse muito tempo no celular, ver minha companheira fazer o mesmo me incomodava. Era como se ela desse mais atenção ao aparelho do que a mim. Reconheço a hipocrisia, mas esse comportamento gerava conflitos.
Por fim, comecei a refletir sobre o exemplo que dava ao meu filho. Que valores ele estava absorvendo ao me ver tão conectado ao celular? Decidi que precisava mudar, tanto por ele quanto por mim.
Uma Nova Perspectiva Sobre o Tédio
O primeiro passo foi instalar um aplicativo chamado Stay Free, que calcula o tempo investido nos apps do celular. O susto veio rápido: eu chegava a gastar 9 horas diárias no aparelho! Claro, uso o WhatsApp para trabalho, mas mesmo assim, o número era assustador. Esse tempo poderia ser muito melhor aproveitado.
Hoje, reduzi o uso para cerca de 3 a 4 horas por dia, mas isso levou quase dois anos. Foi um processo gradual, porque estamos viciados na sensação de prazer que as notificações nos causam. Qualquer desculpa era motivo para tirar o celular do bolso e conferir o que estava acontecendo.
Foi uma longa caminhada, mas agora me permito sentir tédio. Às vezes até reclamo disso com minha esposa, pois é uma sensação que há muito tempo não experimentava. Parece bobo, mas tem sido libertador. Hoje, chego mais cedo ao trabalho, sento à sombra de uma árvore e espero calmamente pela minha entrada. Não sinto mais a necessidade de conferir o que Beltrano69 está dizendo no Twitter.
Durante as refeições, especialmente se estou com meu filho, não levo o celular à mesa. Tento conversar sobre o dia dele, o que fez, do que gostou. Essa mudança o deixou mais feliz, e sinto que estamos mais próximos.
Como último passo, desativei as redes sociais no celular e desinstalei o YouTube. Agora só uso redes no computador, e mesmo assim, apenas após concluir uma tarefa. O resultado? Não sinto falta alguma e estou menos ansioso.
O tédio voltou a ser meu amigo, e com ele, redescobri o valor do meu tempo e das relações que realmente importam.
Sobre o Autor
Diogo escreve sobre o que sente, vive e aprende, transformando experiências comuns em reflexões sobre presença, tempo e significado. Apaixonado por jogos, música e cinema, encontrou na escrita um modo simples e verdadeiro de se conectar com as pessoas — longe das telas, mais perto da vida real.

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