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Estou em tratamento para depressão há pouco mais de um ano, e cheguei a fazer terapia por quase o mesmo tempo. Posso dizer que foi, muito provavelmente, uma das fases mais diferentes que vivi — porque só então percebi o quanto eu estava mal antes de começar esse processo de cura.
Tudo começou de forma silenciosa. Eu não percebia os sinais. Mas os pensamentos estranhos — aqueles que não deveríamos ter — começaram a ficar mais fortes. O que antes era apenas uma voz sussurrando virou uma multidão ruidosa.
Eu me sentia triste. Uma tristeza que não sei medir, mas que parecia uma amiga indesejada que me abraçava sempre que eu ficava sozinho — e eu a odiava por isso.
Quando a medicação chegou, foi que finalmente percebi como era realmente estar sozinho.
Essa companhia indesejada não foi embora totalmente, mas foi silenciada.
Estar comigo mesmo agora era diferente.
Os problemas não desapareceram. Eles continuavam ali — só que agora eu conseguia enxergá-los como realmente eram: problemas a serem resolvidos, e não monstros à espreita.
O mundo, que antes parecia tão distante e cinza, começou a revelar algumas cores. É de fato um processo, e não existe uma cura rápida para o estrago que a depressão nos causa — afinal, é uma doença que exige tempo, paciência e vontade de mudar.
Mudar talvez seja a parte mais difícil, porque significa abandonar velhos padrões, e nenhum de nós gosta de abrir mão daquilo que aprendemos a chamar de “normal”. Mas gosto de pensar que não é possível mudar sem antes desaprender aquilo que acreditávamos ser imutável.
Se o mundo precisou de guerras para se transformar no que se tornou, imagine então o esforço para mudar aspectos tão íntimos de quem somos.
Se você também está passando por esse momento tão delicado, não pense que é o único — e muito menos que está sozinho. O processo de cura é lento, mas ele só é possível se você realmente quer ser curado.
Eu sugiro a cura.
Mesmo quando ela assusta.
Mesmo quando parece impossível.
Mesmo quando tudo em você diz para não tentar.
Porque, no fim, viver machuca — mas continuar vivendo vale a pena.
Sobre o Autor
Diogo escreve sobre o que sente, vive e aprende, transformando experiências comuns em reflexões sobre presença, tempo e significado. Apaixonado por jogos, música e cinema, encontrou na escrita um modo simples e verdadeiro de se conectar com as pessoas — longe das telas, mais perto da vida real.

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