Clareza também é cuidado
Com o fim de ano, pela primeira vez nos últimos seis anos tivemos recesso na empresa e não trabalhamos na véspera nem no feriado de Natal e Ano-Novo. Com isso, pude aproveitar mais tempo com meu filho. Brincamos bastante, jogamos videogame e ele também leu muito nesse período.
É incrível como a melhora começa a vir de maneira gradativa, sem a necessidade de pressão, apenas com a definição de horários. Fizemos um acordo com ele: em um dia, ele pode jogar e assistir; no outro, sem TV, mas com leitura e tempo para brincar com seus brinquedos.
Essa ideia veio da minha esposa, que está sempre atenta aos comportamentos dele, e tem funcionado. No começo, ele não gostou muito da proposta, mas, aos poucos, passou a se adaptar. Em alguns momentos, ele mesmo começou a nos avisar que, no dia seguinte, gostaria de assistir a determinado filme ou jogar tal jogo.
Essa relação que estamos construindo com ele tem sido bem interessante. Inclusive, neste Natal, não demos um presente a ele, pois o que pediu não chegaria a tempo. Ele sabe que deve chegar em algum momento e, curiosamente, não tem falado muito a respeito.
Posso dizer que o fator mais importante aqui tem sido a clareza com a qual minha esposa e eu temos transmitido as mensagens a ele. Sem promessas vazias apenas para fazê-lo esquecer do assunto, sem rodeios. Apenas deixamos claro que será dessa forma, e não há outra alternativa, por motivos X ou Y.
Isso talvez seja difícil para algumas pessoas, penso eu, principalmente quando os pais vivem uma relação desequilibrada com a criança — como já vi em alguns casos, em que ela é tratada como o centro do universo, e não apenas como um dos astros que o compõem.
Falando desse modo, talvez passemos a ideia de que não precisamos lidar com birras e atos de rebeldia, mas isso tudo ainda faz parte da nossa rotina. Há dias em que ele não quer seguir nada, mas nos mantemos firmes, afinal, é para o bem dele mesmo.
Compartilhar essa informação com vocês é uma forma de eu mesmo refletir sobre as decisões que adotamos em casa. E essa ideia nem foi minha, mas sim da minha esposa, que é simplesmente incrível. Ainda assim, achei que seria prazeroso refletir a respeito disso aqui no site.
O engraçado é que meu filho, como dizem, “fala mais que o homem da cobra”, então tem sido divertido passar mais tempo conversando com ele do que ambos olhando para uma tela. Quando não estamos fazendo alguma atividade, estamos deitados conversando — na maior parte do tempo eu ouvindo sobre rankings de força de personagens, as histórias que ele cria enquanto brinca ou respondendo às centenas de “por que isso funciona assim e assado, pai?”.
Ser presente na vida do meu filho é, sem dúvida, um dos melhores presentes de Natal.
Sobre o Autor
Diogo escreve sobre o que sente, vive e aprende, transformando experiências comuns em reflexões sobre presença, tempo e significado. Apaixonado por jogos, música e cinema, encontrou na escrita um modo simples e verdadeiro de se conectar com as pessoas — longe das telas, mais perto da vida real.

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