Coisas que aprendo enquanto ele cresce
Hoje, durante uma ida ao supermercado, ele me perguntou se eu achava a cabeça dele quadrada. Respondi que não, e ele retrucou: “Mas uns amigos na escola disseram que tenho a cabeça quadrada.” Eu ri de leve, mas garanti a ele que a cabeça era normal. Ele deu um sorriso grande e correu com o carrinho, empurrando para o corredor de salgadinhos, enquanto eu ficava ali parado, admirado.
Me alegra olhar para ele e ver como está crescido, e como cada vez mais questiona o mundo ao seu redor. E até me surpreendo quando faz algumas perguntas mais complexas ou simples demais. Isso faz com que meu peito se encha de alegria.
Meu filho é uma das minhas grandes paixões nessa vida, e mesmo às vezes precisando ser rígido com ele — afinal, está em crescimento e por vezes age como se não precisasse seguir regras — eu adoro ver como está crescendo rápido.
Quando ouço que os pais de hoje são muito mais moles do que os de antigamente, eu preciso concordar. Meu pai não me abraçava nem se expressava carinhosamente com frequência, o que me fez questionar, por diversas vezes ao longo da minha turbulenta adolescência, se eu era realmente amado. Talvez isso tenha sido um catalisador para alguns dos problemas que eu tive, mas eu sei que eles fizeram o que podiam com o que os pais deles também lhes deram.
Comigo falando desse modo, parece que sou um pai incrível, mas a bem da verdade eu não me sinto como um. Só consigo ver que existe um grande espaço para melhorias. Tento ser o mais carinhoso que posso sem deixar de ser firme ou puni-lo quando faz algo muito sério, mas também cometi erros, como perder a paciência por coisas simples, apenas porque estava estressado.
Claro, também não posso deixar de citar o medo que eu tenho de ele se tornar um desses idiotas digitais, o que fez com que minha esposa e eu impedíssemos que ele tivesse acesso ao celular ou a jogos de celular. Tudo é acompanhado, às vezes de longe, porque queremos que ele seja independente, mas sempre de olho no comportamento e nas ações.
Ser pai é uma experiência prazerosa e cheia de altos e baixos, onde não há ninguém para lhe dizer se está acertando ou errando na criação. Mas é divertido ver ele apresentando características que herdou de mim e da minha esposa. Como o pavio curto que herdou dela, e que foi notável hoje quando brinquei colocando um pacote de fraldas no carrinho. Quando ele me perguntou para quem era e eu disse que era para ele, devido ao último xixi na cama, ele empurrou o carrinho com força, fechou a cara, tirou o pacote e correu devolver na prateleira, reclamando alto que não era mais bebê.
Na mesma intensidade que ficou bravo, logo passou e veio me mostrar uma caixa de cereal, como se nada tivesse acontecido e nos abraçamos.
Apesar de meu filho não ser como aquelas crianças que fazem um espetáculo onde quer que vão — algo pelo qual sou muito grato — ele não deixa de agir como uma criança que, às vezes, tem dificuldade em lidar com seus próprios sentimentos.
No fim, são essas cenas bobas no mercado que me mostram que está tudo dando certo.
Sobre o Autor
Diogo escreve sobre o que sente, vive e aprende, transformando experiências comuns em reflexões sobre presença, tempo e significado. Apaixonado por jogos, música e cinema, encontrou na escrita um modo simples e verdadeiro de se conectar com as pessoas — longe das telas, mais perto da vida real.

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