O tempo que sobra quando o barulho acaba

Photo by Tony Schnagl

Se existe um grande incômodo na minha vida, ele certamente são as centenas de notificações que nos bombardeiam o tempo todo pelo celular, afinal, não estar em um grupo de WhatsApp é quase impossível. 

São centenas de mensagens trocadas em poucos minutos — e, de algum modo, somos levados a acreditar que precisamos acompanhar tudo.

Claro, existem casos diferentes, como o celular do trabalho, que eu realmente preciso manter por perto. Mas e o pessoal?

Nele, ficar fora de um grupo de amigos, colegas ou familiares dá a sensação de que estamos perdendo algo, mesmo que raramente haja algo importante acontecendo ali.

As pessoas parecem ter urgência em respostas para assuntos que, na maioria das vezes, são triviais.

É como se vivêssemos um tempo em que tudo é urgente — e você precisa estar presente para ver uma piada de um amigo ou saber o que um familiar fez durante a semana.

Quando foi que nos tornamos tão dependentes de coisas tão pequenas?
Quando foi que passamos a passar tanto tempo conectados aos outros — e tão pouco tempo conosco?

Em meio a tanto ruído digital, comecei a buscar formas de continuar usando o celular, mas sem a loucura que o acompanha.

Em dias de folga, simplesmente esqueço que o celular do trabalho existe.
No pessoal, reduzi o uso das redes e deixei o silêncio voltar a fazer parte da rotina — mesmo que ainda seja estranho, às vezes, estar só comigo mesmo.

Às vezes deixo meu filho na sala brincando e simplesmente me deito na cama, olhando pro teto e aproveitando o tempo sem qualquer ruído.
Ele pode estar assistindo TV, mas eu desligo isso da mente.
Fico ali, quieto, descansando, me perdendo em pensamentos — refletindo sobre a vida, a família, o trabalho.
E, de algum modo, me sinto bem.

Pode soar um pouco bobo dito assim, mas quando você tem uma criança de sete anos, se acostuma aos sons que ela faz.
Eu mesmo adoro ouvir meu filho brincando com os brinquedos, enquanto narra as histórias que inventa.

É curioso… esse barulho não me incomoda.
Talvez porque, dentro dele, eu encontro o silêncio que realmente importa.

Mas eu não sou diferente de você

Quando escrevo essas palavras, talvez quem leia imagine alguém calmo, quase um guru zen — mas a verdade é que minha vida é comum como a de qualquer outra pessoa.

Essas pequenas ações que menciono podem parecer imperceptíveis para muitos, mas quando escrevo sobre elas, percebo o quanto são mais importantes do que eu imaginava.

O que fiz é algo que qualquer pessoa pode fazer: sair de grupos do WhatsApp que não agregavam nada, silenciar os demais para não ser bombardeado por notificações e tentar usar o celular de forma mais racional.

No meu aparelho, não há aplicativos de redes sociais, isso inclui o YouTube que eu desativei.
O Twitter (ou X) é a única que ainda uso — e mesmo assim, apenas pelo navegador, sem notificações.
Outro aplicativo que uso bastante é o Kindle, mas isso deve durar só até eu comprar o e-reader da Amazon, o que, sem dúvida, vai reduzir ainda mais o tempo que passo no celular.

Quando me desconecto, percebo que encontro o silêncio que minha mente tanto precisa.

Escrever é uma dessas atividades que me permite limpar a mente e colocar pra fora o que estava fervendo dentro de mim.

Se você chegou até aqui, espero que essas palavras também te façam parar por um instante — e talvez, no meio do barulho, encontrar um pouco do seu próprio silêncio.

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Sobre o Autor

Diogo escreve sobre o que sente, vive e aprende, transformando experiências comuns em reflexões sobre presença, tempo e significado. Apaixonado por jogos, música e cinema, encontrou na escrita um modo simples e verdadeiro de se conectar com as pessoas — longe das telas, mais perto da vida real.

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